A busca da felicidade dentro do sofrimento

Em muitos momentos da nossa vida, passamos por situações de dor, de agonia, de infelicidade e de sofrimento constante. Muitas vezes não vemos mais saída, e parece que a culpa, a dor, a nossa sombra ou a sombra alheia nos fez muito mal e que isso nunca vai passar.

É simples dizer que temos que nos desapegar, e parar de sofrer, como se a mente racional tivesse poder sobre o que sentimos, mas não tem. Não se deve ir de encontro ao sofrimento, pois se você está em sofrimento, significa que naquele momento, esta emoção é mais forte que você, não que você seja fraco, mais está debilitado por esse emaranhado de emoções altamente destrutivas. O melhor é tentar se afastar do que causa o sofrimento, e tentar compreender aos poucos os motivos do mesmo, na maioria dos casos, tudo o que temos condições de fazer sobre o sofrimento, é observar e nos afastarmos.

No taoismo antigo se diz sobre compaixão as seguintes coisas: No coração e na mente dos sábios habitam as emoções mais puras e mais destrutivas de todo o universo, ele manifesta em seus olhos e em seus atos aquilo que lhe é real e verdadeiro; compaixão não é algo que se possa sentir de forma espontânea antes do sofrimento reprimido ser liberado, a felicidade verdadeira não é momentânea e permanece mesmo dentro da tristeza, da dor, e das emoções destrutivas, isso vem com o trabalho sobre si mesmo e o cultivo das virtudes.

Conforme você for purificando e liberando as coisas desarmoniosas que estão no seu âmago, um novo tipo de sombra se manifestará para dar suporte a sua luz, e é uma sombra diferente, mais pura de preconceitos e de repressões, sendo que a sombra é apenas a parte escura que sustenta a luz, ou seja, geralmente para uma grande transformação, há a liberação de uma força sombria poderosa. O mal sempre está a favor do bem, pois o sofrimento que passamos tem o potencial de nos trazer uma referência para que possamos escolher outras possibilidades, e a chave para a libertação desse sofrimento está na própria dor e agonia que ele provoca.

Permita-se vivenciar o sofrimento como um exercício de aprendizado e a liberar a sua sombra de forma que ela possa se reorganizar para sustentar a luz que habita em você, fazendo com que essa luz seja mais brilhante, mais madura, e mais consciênte do que é a sombra e do que é a própria luz.

Aos poucos surge o poder de observar todo esse sofrimento, e rir com ele, e tentar ao máximo tirar o que há de melhor de aprendizado dentro dele, mesmo que isso leve algum tempo.


A partir desse ponto, cabe a ele escolher o tempo que vai manter o apego forçando o sofrimento a permanecer com ele por orgulho, e o tempo que ele necessita para que uma nova sombra se reorganize fazendo com que a sua luz renasça mais forte e brilhante como nunca foi. 

Há também situações em que não é possível reverter as dores, mas ainda assim, se pode cultivar coisas maravilhosas.

Definitivamente, o sofrimento surge para lapidar a nossa luz, então deixe que ele desapareça depois de retirar o aprendizado das profundezas das suas próprias trevas, e brilhe a sua luz como nunca foi possível até aquele momento. A palavra chave para isso se chama LIBERAÇÃO.

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Escrito por Tai Yin (Carlos Gonzaga) - Portador da tradição Jiulong Kunlun