quarta-feira, 20 de abril de 2016

Os espelhos da Alma e do Espírito - Uma prática avançada de Ming Zhan (Yoga do Sono e dos Sonhos)

Existem dentro de nosso íntimo diversos conceitos profundamente enraizados no nosso ser individual e coletivo. Para se mudar ou se libertar destes conceitos muitas vezes é necessário um trabalho duro e pesado acerca dos processos de consciência, com esta finalidade, foi criada a prática dos Espelhos D´água, a última das 9 estrelas de Ming Zhan (yoga do sono) que é parte do sistema Zhen Ming (Yoga dos sonhos).

Para se poder obter sucesso nesse tipo de cultivo é necessário ter experiência com a Pérola do Dragão (fusão dos 5 elementos) e saber girar as rodas de fogo e água, pois se os canais não estiverem limpos, não se pode acessar profundamente a raiz da nossa consciência divina.

Então, encanta-se um espelho com o poder do "trovão divino" (um encantamento recitado taoista), desta forma o espelho ganha profundidade, os antigos faziam isso com o olho d´água, um orifício na terra de onde jorra água e se pode ver refletido a imagem de uma face, essas fontes ganhavam um poder curativo com o passar do tempo.

Após o espelho estar encantando,  ganha a habilidade de refletir e ampliar o Shen (energia da consciência, força espiritual), então começamos os 3 cultivos de base que fazem girar as rodas internas e libertam a consciência.

A primeira prática é o reconhecimento de que o corpo e a vida são um sonho, são transitórios e um recipiente do que nós abrirmos e cultivarmos dentro de nós. Sendo o corpo passageiro, qual o sentido de guardar mágoas e escuridão dentro dele se podemos ter amor divino e puro? Neste estágio há um ritual secreto chamado de "Cavalgar o Shen (espírito) para abrir a cavidade do vapor original".

A segunda prática consiste em reconhecer que somos seres divinos feitos da mesma matéria que as estrelas mais brilhantes do céu. Se o divino brilha em nós, não há o que temer, nem a morte pois não se pode destruir o divino. Neste estágio há um ritual secreto chamado "Explosão cósmica".

A terceira prática é o reconhecimento do amor divino universal e infinito dentro de nós, um amor tão grande que não diferencia as coisas e se espalha e sustenta tudo o que existe. Este é o estado original de todos os seres. Neste estágio há um ritual secreto chamado "Luz que firma as estrelas".

Estas três práticas se desdobram em mais três cada uma, dando um total de 12 práticas, chamadas "os 12 reflexos espirituais de Ming Zhan", ou os "Espelhos D´água".

Cada uma das práticas são necessárias para conseguirmos realizar com sucesso a próxima prática, elas abrem espaço para os próximos cultivos.

Nas práticas de base, por exemplo reconhecer que o corpo é um sonho transitório é a fundação pra brilhar a luz divina, ela não pode surgir onde há morte, onde há morte permanente não há espaço pra luz eterna.

Sem a luz eterna não há espaço para o amor divino universal infinito que vai além da forma e da existência, e além da própria eternidade.

Este é um dos maiores tesouros dos Fang Shi, o povo de Kunlun, quem tem a boa sorte de receber estes ensinamentos nessa vida, obtêm as chaves para sair de sua concha e deixar para sempre o pó deste mundo.

A prática do corpo de sonho ou corpo ilusório se ramifica em mais três práticas chamadas de "Entrega ao dono" onde reconhecemos que o que sentimos pertence a nós, o que os outros sentem pertencem a eles, e nos blindamos contra as influências espirituais externas. Somos muito sortudos por termos conseguido um corpo humano, isso realmente é difícil, e perdemos muitas vidas por não conseguirmos enxergar que tudo o que sentimos é nosso, o que os outros sentem são deles, e que não precisamos ser uma esponja de tudo o que chega a nós, podemos não nos afinizarmos com o que não queremos.

A prática do reconhecimento da luz divina dentro de nós se ramifica em mais três práticas chamadas de "brilho da luz divina" onde aprendemos a empoderar o brilho natural e a luz divina que surge do despertar do espírito, o brilho pode crescer infinitamente, até não caber mais nesse mundo, e se expandir para além do mundo da forma.

A prática de reconhecimento do amor divino infinito se ramifica em mais três práticas também, nestas práticas aprendemos a nos diluir no amor divino, segurar o Yin e abraçar o Yang, até restar apenas o puro Yang. Ao nos realizarmos e subirmos para as terras dos imortais, é preciso trabalhar para resgatar os outros seres, há tanto amor em todos os lugares, mas um coração envenenado só pode ver dor e sofrimento. Há muito o que se fazer, muito a que trabalhar.



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Um abração, e que o amor brilhe em todos os seres.


Tai Yin - Carlos G.
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