domingo, 25 de março de 2018

Yalus - manifestação da Luz Infinita - Corpo de Diamante e Liberdade Infinita

O primeiro texto que descreve sobre o processo de liberação do corpo de luz é o BaoPuZi, de Ge Hong, um dos textos mais importantes de Alquimia Interna taoista. Ele descreve um bebê vermelho que dá nascimento a luz no vazio infinito.

Devido a isto, muitas pessoas confundem o processo do corpo de liberdade infinita com projeção astral, ou um corpo que se cria com cultivo de energia. O corpo que os Fang Shi chamam de Yalus é o vazio que brilha no infinito, é a luz que sustenta o firmamento.

Ao contrário do "Corpo de Arco-Íris" dos budistas, o corpo de diamante dos taoistas possui uma estrutura integrada e não difusa. Também é chamado de "Dragão Dourado".

Por isso, esse corpo surge quando o envólucro de energia abraça e armazena a sensação da luz infinita, dando nascimento no mundo da forma ao infinito imaterial como uma capsula que possui o portal para a origem; é como uma chave para acessar o que é ilimitado, indefinido e indivisível.

Muitas pessoas passam a vida tentando cristalizar ou criar um corpo de virtude e bênção dentro do 
próprio corpo, mas o processo é exatamente ao contrário, depois de se diluir na luz e no vazio, é que pode se dar nascimento ao veículo imortal no mundo da forma, quem quiser preservar a vida ou a forma do corpo com apego, vai perdê-los. Para os Fang Shi esse mecanismo é o mesmo que dá nascimento ao corpo de sonho (Hamus), a maioria das tradições budistas e de outras tradições de xamanismo entre outras não fazem o processo de envólucro, e por isso não formam um diamante e só acessam essa radiância no momento da morte, outras tradições fazem processos parecidos, e há muitas formas de fazê-los mas, sem um envólucro não se pode acessar esse estado ainda em vida.

Assim, para emergir totalmente na luz infinita é preciso realizar um processo chamado de Nei Dan (para os homens) e Nu Dan (para as mulheres), onde a primeira parte leva 100 dias. É um caminho que exige meditação e cultivo diário, uma dieta restrita vegetariana e com restrições de doces, condimentos e celibato total. A partir desse método se pode manifestar o invólucro capaz de sustentar a estrutura da manifestação da luz que brilha no vazio, ela é indivisível e todos os seres já a possuem, o método simplesmente dá acesso a chave que abre a porta para as mil maravilhas e ao mistério.

Por seguinte, após emergia no vazio e diluir a individualidade (esquecer-se de si mesmo) a luz infinita brilha e o corpo de indiferenciação pode se manifestar como veículo. Chamamos isso de "Lua Cheia na Noite Escura", este veículo pode se ligar a luz das estrelas e absorver o conhecimento delas; desta forma surgiram os desenhos das constelações na antiguidade que também deram origem ás escritas e por consequência ás línguas antigas. Na nossa tradição, temos 28 caminhos a serem feitos para se obter as chaves dos sábios de pura luz.

Entretanto, para que possa ser acessado precisamos das fornalhas e dos três caldeirões desenvolvidos nas práticas de reversão de fogo e água (Kan e Li), o jejum (Bigu) e as práticas de caverna que ajudam a desenvolver a diluição no imaterial, mas é apenas no Nei Dan/Nu Dan que os caldeirões tomam forma substancial e podem ser utilizados para lavar e banhar o veículo de pura luz que transcende a forma individual e o processo de vencer a mortificação do corpo físico.

Mas, para vencer a mortificação é necessário realizar o processo do Caminho do Espírito Primordial (clique no link para acessar); Na antiguidade, só eram considerados imortais aqueles que dissolviam o corpo físico, mas nos tempos atuais consideramos cinco tipos de imortalidade, sendo a primeira o reconhecimento com a luz infinita e a compreensão com o coração de que somos a luz que cavalga pelas muitas vidas. Com o reconhecimento da Luz Infinita que se dissolve no vazio, ao morrer ficamos integrados e nada da nossa consciência se perde e podemos ainda buscar refúgio no mundo dos sonhos, renascer ou seguir para as estrelas, e isto é possível de se fazer em vida ainda se obtivermos as chaves de Yalus.

Apesar de todas essas fórmulas e complicações, o acesso ao corpo de liberdade infinita, Yalus, é natural, é de onde viemos e a forma de como vamos deixar esse mundo. No fim, tudo leva a simplicidade e ao não forçar, não fazer (Wu Wei), pois tudo é natural.

Que todos os seres possa reconhecer em si a Luz Infinita.

Monge Tai Yin Yi - Portador da Tradição Jiulong Kunlun


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Hamus, o Corpo Brilhante de Sonho - Ensinamento de Zhen Ming (Yoga dos Sonhos)

O termo Zhen Ming quer dizer "portal profundo", e refere-se ao processo de manter a consciência e continuar o seu cultivo de energia, desenvolvimento e acesso espiritual enquanto dormimos.
Passamos em torno de um terço da nossa vida dormindo (para quem dorme 8 horas por dia), se pensarmos em uma pessoa de 60 anos, pelo menos 20 deles ela passou dormindo, então, é um tempo precioso para podermos cultivar a realidade e a realização dentro de nós.

Sendo assim, os sonhos tem um potencial muito grande de trabalho e realização: neles a mente racional não coloca barreiras, podemos ter experiências profundas, mudanças profundas, comunicação com os ancestrais, com os espíritos e seres divinos e percepções íntimas do nosso ser e das muitas potencialidades adormecidas em nós.

Podemos também limpar limitações da nossa vida: perceber a infinidade de opções que possuímos e de como podemos ter liberação e liberdade em nossa existência, podemos nos sentir um com o universo inteiro, encontrar aliados de poder, nos livrarmos de condições de limitação da vida, de doenças, de maldições e de limitações que podem estar a muitas gerações na nossa família travando a nossa prosperidade financeira, de relacionamentos, e de merecimento de bênçãos espirituais.

O veículo essencial para poder acessar profundamente o potencial dos sonhos é chamado de Sonho Lúcido, neles podemos direcionar os sonhos para onde precisamos curar, onde precisamos cuidar e onde podemos acessar o sagrado mais íntimo do nosso ser. Para acessar estes estados em Kunlun temos uma série de práticas e ensinamentos que chamamos de Ming Zhan  (trocando as estações) que são a Yoga do Sono Taoista, onde exercitamos a consciência no nosso dia a dia, nas práticas e meditações, nos sonhos, e ao fim da vida, no momento da morte, sendo esses os pilares para manter a lucidez em todas as circunstâncias. Desta forma, não mais sofremos como vítimas do destino, mas sim, nos tornamos parte da escolha dele.

Muitas vezes estamos num trabalho que não gostamos e não vemos um outro futuro, ou nos boicotamos por não acreditarmos no nosso potencial infinito de transformações e realizações, ou como abrir fluxo de talentos, e até mesmo pessoas que tem limitações físicas ou doenças, podem ser liberados durante os sonhos, se desenvolvermos os sonhos lúcidos.

Esse aprofundamento de lucidez não pode se dar apenas durante a noite no sono, mas sim o tempo todo na nossa vida: tomar consciência dos contratos que fechamos com as pessoas, com a nossa vida, o que permitimos que entre e que saia, a forma de como lidamos conosco e com os outros seres, e se simplesmente seguimos os fluxos da vida sem tomarmos as rédeas dela. Se não ficamos lúcidos no sonho a noite, não estamos também lúcidos na nossa vida, e se não conseguimos guiar o nosso sonho a noite, também não podemos guiar o nosso sonho de existência durante o dia.

Todos os sonhos que temos têm a ver com os movimentos de energia e de emoções que passamos durante o dia, também nossos pensamentos e atitudes. Sempre sonhamos, mas nem sempre nos lembramos, primeiro pelo motivo de pararmos de prestar atenção nos sonhos, então a nossa mente não se fixa mais em registrá-los, depois por não vermos na sociedade moderna motivos para estar ligados a nossos sonhos, para nossos ancestrais eles eram realmente muito importantes tanto para resolver problemas quanto para comunicação ou insights.

Assim, para restabelecermos esta conexão é necessário começar com tomar consciência do que sentimos, da naturalidade de todos os acontecimentos, e do desenvolvimento da condução da nossa vida, tudo isso afeta os sonhos enquanto dormimos.

Apesar de ser possível atingir o sonho lúcido de várias formas, inclusive apenas focando a atenção no corpo, na respiração, no que fazemos e no que sentimos durante nosso dia a dia, em Kunlun, trabalhamos na alquimia interna a limpeza dos 8 vasos maravilhosos, que são canais de energia que precisam de mecanismos profundos para serem acessados, ao acessarmos a capacidade de "incubar sonhos", que faz parte da Estrela de Intenção Pura - a quarta prática de Ming Zhan, um dos primeiros passos a se fazer é a evocação e despertar de Hamus, o Corpo de pura luz do mundo dos sonhos, onde fazemos o transporte da energia desses oito canais para a lucidez no mundo dos sonhos, depois ativamos lá a reversão de fogo e água estabilizando o caldeirão no mundo dos sonhos, desta forma, o corpo do sonhos se cristaliza e manifesta a estrutura imaterial do Tao.

Conforme o vapor for crescendo tanto no mundo manifesto quanto no mundo dos sonhos, a nossa percepção da realidade vai se firmando em todos os aspectos, e percebemos que tudo é feito de vapor, tudo é feito de vazio, de luz cristalizada, de infinito vivenciando os fluxos.

Desta forma, ao aprendermos a utilizar as chaves de Shui Gong (as 36 práticas de descanso) facilitamos o transporte de realidades e a abertura ás muitas dimensões, isto também nos prepara para a morte, que nada mais é do que mais um dos muitos sonhos como vamos passando ao longo da vida, desabrochar o corpo de sonho é uma ferramenta muito útil para a realização nesta vida e para além das limitações mundanas. Apesar do processo estrutural, o trabalho com os sonhos deve ser feito de forma natural e sem forçar, originalmente se aprende estes processos e se recebe esse conhecimento em um retiro de 13 dias, que é o primeiro de três, cada vez mais longos. Nos dias de hoje, é muito difícil quem tenha todo esse tempo disponível, então buscamos outras formas de ensinar.


Muitas pessoas procuram Kunlun querendo aprender os métodos de Zhen Ming, no entanto há dois empecilhos: o primeiro é que a lucidez e as experiências profundas só se sustentam se pudermos gerar vapor no corpo e reconhecer este vapor, que também o meio material dos sonhos e de toda a existência (o que é treinado nos retiros de iniciados na tradição, quando se aprende a reverter o fogo e a água no corpo, evocando o caldeirão místico e caminhando com vapor para curar e desenvolver o corpo Kan e Li 1), a outra questão é que práticas a sério e profundas de desenvolvimento do corpo de pura luz nos sonhos é para aqueles que já atingiram o primeiro nível de imortalidade no caminho, ou seja, se reconheceram como a clara luz, e compreendem em seu coração que somos todos feitos de uma só luz, um só coração e um só amor.

Sem este reconhecimento pleno com a luz, que é treinado desde o início do sistema, não é possível se realizar nas práticas de sonhos, mas ainda assim se pode obter uma certa lucidez neles ou ainda utilizá-los como ferramenta de expansão de consciência.

Bons sonhos a todos, e que a luz brilhe forte em nossos corações..

Monge Tai Yin Yi - Portador da tradição Jiulong Kunlun


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