Aqui estamos todos sonhando, tudo está em movimento e o movimento surge da tranquilidade assim como a tranquilidade surge do movimento. Esta é a força perpétua que move a existência, aquilo que ainda não existe, a vida, a morte, os espíritos e todas as forças que compõe o panteão das muitas existências.
O povo Fangshi (povo de Kunlun na China) sabia bem dessa lei, ao serem iniciados aos nove anos de idade, recebiam as fórmulas e o conhecimento de que deveriam reconhecer todas as coisas como um sonho o tempo todo, captando assim o vapor natural da existência e movendo o motor para sustentar a consciência no mundo dos sonhos de forma eficiente.
Honrando os antigos, mantemos essa tradição quando iniciamos as pessoas na linhagem de Kunlun, e pedimos para que mantenham o manto, o reconhecimento, em todas as situações. Conforme vão praticando, vão atingindo diferentes níveis de realização, são capazes de aliviar a dor e o sofrimento e adentrar no mundo dos espíritos com mais facilidade.
No entanto, as pessoas são viciadas em realidade, elas deixam de compreender que não importa o que se esteja passando, se dissolverá:
- os amigos que temos hoje, muitas vezes com o tempo não serão mais nossos amigos
- a ferida que sangra, com cuidado e com o tempo, vai ser cicatriz, a cicatriz com cuidado, pode desaparecer
- os relacionamentos doloridos, vão se dissolver com o tempo
- as mortes humilhantes e a miséria, vão dissolver com o tempo e os seres terão novas chances em novos jarros de espírito (corpos)
- as situações de violência e de alegria também dissolverão.
Tudo aqui é dissolução, e nada permanece para sempre.
Entretanto, não podemos utilizar o conhecimento do vapor que se dissolve no vazio para sermos passivos diante da vida, mas também não se pode levar a vida a sério demais. Se as pessoas soubessem e se lembrassem que tudo aqui vai passar, amariam mais e cuidariam mais do seu coração e de sua comunidade.
Quando nos esquecemos de que a vida é um sonho, a mente começa a cristalizar a realidade e o sofrimento se instala profundamente dentro do nosso ser. Como o sofrimento pode grudar num corpo que é transitório? No infinito, só existe a transformação, só existe o amor infinito, todo o resto é ilusão que se dissolve, e ao fim, o amor divino também se dissolve.
Assim, conforme vamos descristalizando a nossa percepção da realidade, a claridade no mundo dos sonhos vai se abrindo, e podemos assumir o estado de "Sábios Alados - Yǔmáo shèngrén - 羽毛圣人", os viajantes cósmicos, e assim a certeza da imortalidade vai gradualmente crescendo.
Para os povos taoistas de Kunlun nós somos como caldeirões que passam a vida liberando vapor, dissolvendo no fluxo, e ao final o próprio caldeirão se dissolve, aquilo que se dissolve vai se liberando e se fundindo ao todo. O que você vai liberar no seu caldeirão hoje? E que sonho vai cultivar hoje no seu coração?
Que possamos nos lembrar sobre todos os pontos de vista e em todas as situações: somos o sonho que se dissipa como o vapor na imensidão.
Monge Tai Yin Yi
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Que lindo! Muito parecido com os ensinamentos dentro do Yin Fu Jing. Gratidão
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